Investigação atribui R$ 415 milhões a esquema de apostas em cidade potiguar
Uma denúncia que chegou a órgãos de investigação do Rio Grande do Norte aponta que um esquema de apostas ilegais em uma pequena cidade potiguar teria movimentado R$ 415 milhões, segundo o material recebido pela reportagem.
A cifra, porém, não foi possível de ser confirmada integralmente por documentos públicos até 2024-06-01. A apuração cruzou informações de reportagens e do portal institucional do Ministério Público do Rio Grande do Norte (MP-RN) e não localizou a íntegra da denúncia nem os anexos periciais que justificariam o cálculo apresentado.
Segundo análise da redação do Noticioso360, a estimativa é plausível do ponto de vista metodológico — muitos inquéritos usam percentuais sobre fluxos financeiros ou repasses obrigatórios para estimar faturamento — mas depende de premissas e documentos que não estão acessíveis publicamente.
O que afirma a denúncia
De acordo com a versão obtida pela reportagem, a peça acusa responsáveis pelos supostos sinais de crime de lavagem de dinheiro, exploração de jogo de azar e loteria não autorizada, induzimento à especulação, associação criminosa e crime contra as relações de consumo.
O cálculo do montante teria sido feito com base em repasses obrigatórios equivalentes a 2% da receita bruta, segundo o documento recebido pela redação. Não houve, contudo, localização de cópia assinada da denúncia ou de laudos periciais anexos que detalhem a origem dos R$ 415 milhões.
Elementos verificados em fontes abertas
Em consulta a fontes públicas — incluindo reportagens do G1 (seção RN) e comunicações no portal do MP-RN — há confirmação de procedimentos investigativos relativos a jogos de azar no estado. No entanto, as publicações disponíveis não apresentam de forma coincidente o mesmo montante financeiro citado na versão encaminhada à nossa redação.
Além disso, é comum em investigações desse tipo que procedimentos como pedidos de quebra de sigilo fiscal e bancário, solicitações de bloqueio de bens e perícias contábeis integrem o processo. Essas medidas explicariam como as autoridades poderiam chegar a uma estimativa ampla de movimentação financeira.
Hipóteses para a divergência
A redação do Noticioso360 considerou três hipóteses que podem explicar a diferença entre o montante divulgado e o que está disponível em comunicações públicas:
- Existência de elementos probatórios constantes apenas nos autos, ainda não divulgados oficialmente;
- Trata‑se de estimativa preliminar de investigação que pode não ter sido formalizada em denúncia pública;
- Incorreções ou extrapolações em material de terceiros que circulou em redes sociais antes de divulgação oficial.
Como costuma ser feita a estimativa
Em apurações semelhantes pelo país, perícias contábeis aplicam percentuais sobre repasses ou fluxos declarados de receitas para estimar faturamento de redes de apostas. A aplicação de um percentual fixo (por exemplo, 2%) sobre repasses obrigatórios pode gerar estimativas altas, sobretudo se o universo de base for amplo ou incluir períodos acumulados.
No entanto, o resultado final depende da qualidade dos documentos anexos, das hipóteses adotadas pelo perito e da eventual existência de registros formais que comprovem volume de transações.
O que é possível confirmar
Com base em fontes públicas consultadas até a data indicada, é possível afirmar objetivamente que:
- O MP-RN conduz investigações sobre atividades de jogos de azar e ilícitos correlatos no estado;
- A legislação brasileira caracteriza a exploração de jogo de azar sem autorização como crime;
- Esquemas de apostas clandestinas costumam estar associados, em investigações, a práticas de lavagem de dinheiro.
Por outro lado, a cifra de R$ 415 milhões, a metodologia detalhada do cálculo e a lista completa de pessoas e empresas envolvidas não foram confirmadas em comunicações oficiais publicadas no portal do MP-RN ou em reportagens completas de grandes veículos até 2024-06-01.
Posicionamentos e pedidos da redação
O Noticioso360 solicitou formalmente ao MP-RN o acesso à íntegra da denúncia e aos documentos periciais citados na peça que nos foi encaminhada. A redação aguarda retorno institucional para poder divulgar documentos que confirmem ou refutem a estimativa.
Enquanto não houver acesso aos autos ou aos laudos, a recomendação editorial é de cautela na reprodução do número absoluto (R$ 415 milhões) em reportagens que não expliquem a origem do cálculo.
Impactos possíveis
Se comprovada, a movimentação estimada indica operação de grande escala, com desdobramentos penais e cíveis. Medidas típicas em casos análogos incluem bloqueio de bens, cooperação interestadual e federal e perícias contábeis detalhadas.
Além disso, empresas e indivíduos citados poderiam responder por crime contra as relações de consumo e por facilitação de atividades criminosas, dependendo do grau de participação e da prova documental.
Conclusão e recomendações
Há elementos suficientes para considerar a notícia plausível, mas incompleta para afirmações definitivas. A divulgação de uma cifra tão alta exige acesso à documentação oficial — denúncias, laudos periciais e decisões judiciais — para confirmar o montante e responsabilizações.
O Noticioso360 seguirá a checagem e publicará atualizações assim que obtiver documentos oficiais ou posicionamento formal do MP-RN.
Fontes
Veja mais
- A alegação de que Sheikh Hasina foi condenada à morte não foi corroborada por agências internacionais.
- Segundo dia do Enem registrou correria em São Paulo e temas variados nas provas de Ciências.
- Especialistas criticam reclassificação de facções como terroristas e apontam riscos jurídicos e operacionais.
Conteúdo verificado e editado pela Redação do Noticioso360, com base em fontes jornalísticas verificadas.

