Antidepressivos distintos apresentam perfis muito diferentes de efeitos colaterais, o que pode influenciar tanto a saúde do paciente quanto a continuidade do tratamento.
Segundo análise da redação do Noticioso360, com base em dados da Reuters, da BBC Brasil e de estudo publicado na revista The Lancet, há variações consistentes entre classes e entre fármacos individuais que são relevantes para decisões clínicas.
O que mostram os dados
Meta-análises e reportagens apontam que efeitos como náusea, sonolência, ganho de peso, disfunção sexual, alterações cardiovasculares e risco de queda em idosos aparecem com frequência, mas com incidência muito diferente conforme o remédio.
Inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRS), como sertralina e escitalopram, costumam trocar melhor tolerabilidade geral por eventos como náusea inicial e disfunção sexual persistente.
Por outro lado, inibidores de recaptação de serotonina e noradrenalina (ISRN), como venlafaxina, tendem a causar mais sintomas gastrointestinais e, em doses elevadas, aumentos modestos da pressão arterial.
Antidepressivos tricíclicos, hoje menos utilizados, estão associados a efeitos anticolinérgicos — boca seca, constipação — sedação e maior risco de arritmias, tornando-os problemáticos em idosos e em pessoas com doenças cardíacas.
Alternativas e particularidades
Bupropiona apresenta menor frequência de disfunção sexual e menos sonolência, mas traz preocupação com risco de convulsões em doses altas ou em pacientes com fatores de risco.
Mirtazapina está correlacionada a sedação e ganho de peso, efeitos que podem ser indesejáveis para pacientes com sobrepeso ou problemas metabólicos.
Adesão ao tratamento e impacto clínico
Efeitos adversos são uma das principais razões para interrupção precoce do tratamento. Reportagens e a meta-análise mostram que perdas no seguimento em estudos clínicos costumam estar ligadas a eventos adversos, o que reduz a efetividade observada em prática real.
É importante distinguir efeitos temporários — por exemplo, náusea que diminui nas primeiras semanas — de efeitos crônicos, como disfunção sexual e ganho de peso, que tendem a levar à troca de medicação ou à descontinuação.
Populações vulneráveis
Idosos, gestantes e pessoas com comorbidades cardiovasculares ou neurológicas exigem atenção redobrada. Em idosos, o risco de quedas e interações medicamentosas modifica o balanço risco-benefício.
Em gestantes, a decisão terapêutica também incorpora riscos do transtorno depressivo não tratado versus risco fetal potencial de efeitos colaterais, o que reforça a necessidade de avaliação individualizada.
Como escolher e acompanhar
Especialistas ressaltam a necessidade de prescrição individualizada. Histórico de efeitos adversos, comorbidades, medicações concomitantes e preferências do paciente devem orientar a escolha.
Monitoramento ativo nas primeiras semanas é essencial: orientar sobre possíveis efeitos transitórios, agendar retorno breve e registrar queixas específicas ajudam a manter adesão e segurança.
Quando efeitos incomodam ou persistem, opções incluem ajuste posológico, mudança de fármaco dentro da mesma classe ou troca por alternativa com perfil diferente de efeitos colaterais.
Limitações das evidências
As fontes consultadas destacam heterogeneidade entre estudos, variação nas definições de efeitos colaterais e durações diversas dos ensaios clínicos. Esses fatores dificultam comparações diretas e extrapolações para a prática clínica de longa duração.
Além disso, muitos ensaios excluem pacientes com múltiplas comorbidades, reduzindo a representatividade de populações atendidas na rede de atenção primária.
Recomendações práticas
Profissionais devem combinar eficácia e tolerabilidade na escolha do antidepressivo. Educação prévia sobre efeitos esperados e sinais de alerta melhora o engajamento do paciente.
Para reduzir abandonos, políticas de saúde e médicos podem priorizar alternativas com melhor perfil de tolerabilidade para populações sensíveis, oferecer suporte farmacológico e psicossocial e rastrear efeitos adversos com protocolos simples.
Próximos passos na pesquisa
Pesquisas de “mundo real” (real-world evidence) que acompanhem pacientes por períodos longos são necessárias para entender efeitos a longo prazo e taxas reais de descontinuação.
Estudos específicos em subgrupos — idosos, gestantes, portadores de doenças cardíacas — deverão informar orientações clínicas mais precisas.
Fontes
Veja mais
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Conteúdo verificado e editado pela Redação do Noticioso360, com base em fontes jornalísticas verificadas.
Analistas apontam que novas evidências sobre tolerabilidade podem redefinir recomendações de prescrição nos próximos anos.

