Estudo aponta alta de 27% nas mortes de 18 a 64 anos e ampliação das disparidades raciais.

Estudo aponta alta de 27% nas mortes de 18 a 64 anos e ampliação das disparidades raciais.

Alta de mortalidade em idade produtiva acende alerta nos EUA

Um estudo divulgado no JAMA Health Forum mostra que as mortes entre adultos de 18 a 64 anos nos Estados Unidos cresceram cerca de 27% na última década. O aumento é concentrado em causas associadas a doenças crônicas e houve piora relativa entre populações negras e hispânicas.

Segundo análise da redação do Noticioso360, que cruzou o artigo do JAMA com dados do Centers for Disease Control and Prevention (CDC) e reportagens da Reuters e da BBC Brasil, parte significativa do crescimento está ligada a condições potencialmente evitáveis e a fatores sociais determinantes da saúde.

O que os números mostram

Os autores do estudo usaram registros de beneficiários do Medicare em conjunto com séries do National Vital Statistics System (CDC) para mapear tendências por faixa etária, raça e causas subjacentes. A comparação temporal revela não só um aumento percentual geral, mas também alterações na composição das causas de morte.

Doenças cardiovasculares, diabetes e complicações relacionadas ao uso de substâncias aparecem como contribuições expressivas para o crescimento das mortes em adultos jovens. Além disso, os dados evidenciam que populações negras e hispânicas tiveram piora relativa em comparação com a população branca, ampliando desigualdades já existentes.

Metodologia e limites

A combinação entre bases administrativas do Medicare e registros de óbitos do CDC permite identificar perfis demográficos e causas de morte com maior detalhe do que séries agregadas. No entanto, essa abordagem tem limitações: o Medicare não cobre todos os adultos de 18 a 64 anos — sobretudo os sem seguro ou com planos privados — e diferenças regionais podem ficar subrepresentadas.

Os autores também destacam a dificuldade de decompor o papel da pandemia de covid-19 nos aumentos observados. Parte da elevação pode refletir impactos diretos da doença, enquanto outra parcela resulta de efeitos indiretos sobre saúde mental, acesso a cuidados e crises de substâncias.

Desigualdade racial e determinantes sociais

O relatório indica que fatores sociais — como renda, acesso a serviços de saúde, emprego e ambiente residencial — têm papel central na distribuição dos óbitos. Comunidades negras e hispânicas, que historicamente enfrentam maiores barreiras ao cuidado, registraram piora mais acentuada.

“A mortalidade em idade produtiva não é apenas um indicador de saúde: revela desigualdades estruturais”, afirmam os autores. Políticas de prevenção de doenças crônicas, expansão do acesso ao tratamento e intervenções dirigidas a determinantes sociais são apontadas como medidas necessárias para reverter a tendência.

Contribuição de doenças crônicas e uso de substâncias

Segundo a apuração do Noticioso360, o crescimento das mortes está fortemente associado a condições crônicas com histórico de má gestão e prevenção insuficiente, como problemas cardiovasculares e diabetes. Ao mesmo tempo, surtos regionais de drogas — inclusive opioides — e as complicações relacionadas ao uso de substâncias também influenciam os números.

Especialistas consultados em reportagens das agências internacionais sublinham que a combinação entre vulnerabilidade social e serviços de saúde fragmentados cria um cenário propício para aumento de óbitos evitáveis.

Impactos econômicos e sociais

A elevação da mortalidade em adultos em idade produtiva tem efeitos diretos sobre famílias, comunidades e a economia. Há perda de anos potenciais de vida, pressão financeira sobre dependentes e implicações para o mercado de trabalho, sobretudo em regiões já fragilizadas economicamente.

Governadores, gestores de saúde e organizações civis consultadas por veículos internacionais têm destacado a necessidade de políticas integradas — que atuem simultaneamente na prevenção clínica, na atenção primária e nas causas sociais de base — para minimizar o impacto no longo prazo.

O que permanece incerto

Apesar da robustez da base de dados usada, não há consenso sobre a parcela do aumento atribuível exclusivamente à pandemia versus tendências pré-existentes. Também é difícil quantificar o peso relativo de opioides, doenças crônicas e barreiras de acesso ao cuidado ao longo de toda a década analisada.

Os autores defendem análises complementares com cobertura geográfica mais fina e desagregação por condado, além de estudos que considerem determinantes socioeconômicos com maior granularidade.

Recomendações para políticas públicas

Com base na apuração consolidada pelo Noticioso360, as principais medidas sugeridas incluem: ampliação da atenção primária, programas de prevenção e controle de doenças crônicas, políticas dirigidas à redução de desigualdades raciais e intervenções contundentes contra o abuso de substâncias.

Especialistas enfatizam que muitos dos óbitos adicionais são potencialmente evitáveis com intervenções comprovadas, como controle de hipertensão e diabetes, ampliação de cobertura de saúde e programas comunitários de redução de danos.

O que a imprensa internacional destacou

A cobertura da Reuters privilegiou o panorama quantitativo e as implicações macroeconômicas, enquanto a BBC Brasil trouxe relatos e contextualização sobre comunidades mais afetadas e questões raciais. O JAMA Health Forum apresentou a análise técnica e a metodologia; já os dados brutos do CDC sustentaram verificações independentes.

O que vem a seguir

Para pesquisadores e autoridades de saúde pública, o próximo passo é aprofundar a análise das causas por região e por grupo socioeconômico, além de monitorar tendências pós‑pandemia com atenção às políticas de prevenção e acesso a tratamentos.

Analistas ressaltam que, sem respostas integradas, a tendência observada pode reduzir anos de vida saudável da população adulta e ampliar custos sociais e econômicos.

Fontes

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