Vorcaro rebate e nega fraude de R$ 12 bilhões

Defesa diz que carteiras foram substituídas e nega prejuízo de R$ 12 bilhões ao BRB.

Defesa afirma regularidade e atribui divergências a metodologia

A defesa do empresário Daniel Vorcaro divulgou nota pública negando, ponto a ponto, a existência de fraude de R$ 12 bilhões apontada pela investigação da Polícia Federal na Operação Compliance Zero.

Segundo a nota, as carteiras de clientes que aparecem como suspeitas teriam sido substituídas por contratos e operações regularizadas, sem gerar prejuízo patrimonial ao Banco de Brasília (BRB).

Segundo análise da redação do Noticioso360, com base em reportagens publicadas pela Reuters e pelo G1, há divergência sobre a metodologia de cálculo do suposto prejuízo e sobre a interpretação jurídica dos atos investigados.

O que diz a investigação

Nas peças iniciais, a Polícia Federal sustenta que operações envolvendo o Banco Master e instituições ligadas podem ter causado perdas relevantes ao BRB. As medidas cautelares e algumas prisões temporárias, segundo a PF, visaram preservar provas e garantir a instrução criminal.

Fontes ligadas ao inquérito apontam que a estimativa de R$ 12 bilhões foi elaborada a partir de saldos vinculados a contratos, limites de crédito e relações entre carteiras de clientes que teriam sido destinadas ao BRB.

A versão da defesa

Os advogados de Vorcaro alegam que as movimentações foram respaldadas por contratos e que as carteiras apontadas como “problemáticas” foram sucessivamente substituídas por outras operações regularizadas, sem impacto no patrimônio do BRB.

Em nota, a defesa nega a existência de dolo — isto é, intenção deliberada de causar prejuízo — e afirma ter adotado procedimentos mercantis e contábeis compatíveis com práticas de mercado.

O cerne da disputa técnica

Na prática, a controvérsia se concentra em três pontos centrais: a) o montante alegado como prejuízo e a forma de cálculo; b) a data em que carteiras ou ativos teriam sido substituídos; e c) se houve ou não dolo na condução das operações.

Especialistas consultados por veículos independentes lembram que estimativas preliminares em investigações financeiras costumam ser ajustadas após perícias contábeis e auditorias. Assim, números iniciais podem variar substancialmente ao longo do processo.

O que perícias e auditorias precisam verificar

Para comprovar ou refutar integralmente as alegações, será necessária uma auditoria detalhada: revisão dos contratos, rastreamento das transferências patrimoniais e checagem de eventual impacto econômico para os credores e para o próprio BRB.

Somente com perícia contábil e avaliação técnica será possível determinar se houve efetivo prejuízo patrimonial, e em que magnitude, ou se as substituições de carteiras operaram como afirma a defesa.

Implicações jurídicas e regulatórias

No plano penal, advogados criminais consultados por reportagens ressaltam que indícios não equivalem a condenação. O processo penal exigirá provas robustas para caracterizar eventuais crimes como estelionato ou lavagem de capitais.

Em paralelo, órgãos reguladores e de supervisão financeira podem instaurar procedimentos administrativos para apurar infrações e aplicar sanções separadas da esfera penal. Essas apurações costumam focar em falhas de governança, controles internos e cumprimento de normas prudenciais.

Repercussão e estratégia pública

A divulgação pública de notas e comunicados é uma estratégia comum em casos de grande repercussão. A defesa de Vorcaro busca, com a nota, colocar no centro do debate a versão de regularidade das operações e minimizar riscos reputacionais.

Por outro lado, a PF sustenta que as diligências são necessárias para esclarecer os fatos e proteger o interesse público, inclusive porque operações complexas entre instituições financeiras podem ocultar práticas inadequadas quando não documentadas de forma transparente.

O que dizem fontes e especialistas

Fontes ouvidas por reportagens indicam que a quantificação de R$ 12 bilhões deriva de estimativas preliminares. Peritos e auditores consultados alertam que somente uma perícia poderá consolidar números definitivos.

Advogados ouvidos por veículos de imprensa ressaltam a necessidade de distinguir entre risco de mercado e prejuízo causado por ação fraudulenta: nem toda perda associada a movimentações financeiras configura crime, especialmente se respaldada por contratos e aprovações internas.

Próximos passos da investigação

A investigação criminal segue em curso, com previsão de novas diligências, que incluem pedidos de documentos, quebras de sigilo e perícias contábeis. As decisões judiciais futuras tendem a orientar a produção de provas técnicas e a delimitar responsabilidade penal e administrativa.

Até que as perícias sejam concluídas, tanto a versão da PF quanto a da defesa devem ser tratadas como hipóteses em disputa factual, cabendo ao Judiciário e aos peritos técnicos a tarefa de estabelecer a verdade dos fatos.

Fontes

Veja mais

Conteúdo verificado e editado pela Redação do Noticioso360, com base em fontes jornalísticas verificadas.

Analistas apontam que o desfecho das perícias e das decisões judiciais pode redefinir o cenário político e financeiro nos próximos meses.

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