Três sinais da ‘doença silenciosa’ que mata 1,5 milhão

Três sinais da ‘doença silenciosa’ que mata 1,5 milhão

Doença renal crônica: sinais para não ignorar

A doença renal crônica (DRC) é responsável por cerca de 1,5 milhão de mortes por ano no mundo e tem tido aumento no número absoluto de pessoas com função renal reduzida.

Segundo análise da redação do Noticioso360, que cruzou dados da Organização Mundial da Saúde e do Global Burden of Disease, parte desse crescimento se explica pelo envelhecimento populacional e pela maior prevalência de fatores de risco, como diabetes e hipertensão.

Por que a DRC é chamada de “silenciosa”

A doença é muitas vezes chamada de “silenciosa” porque seus sinais podem ser sutis ou confundidos com outras condições. Nos estágios iniciais, pacientes podem não notar sintomas, o que dificulta a detecção precoce.

Exames simples, no entanto, detectam alterações precoces: a estimativa da taxa de filtração glomerular (TFGe), a partir da creatinina sérica, e a pesquisa de albumina na urina (albuminúria) são ferramentas acessíveis para rastrear risco e estágio da doença.

Três sinais que exigem avaliação médica

A seguir, os três sinais de alerta mais relevantes que devem levar a uma avaliação médica imediata:

1) Inchaço persistente

Edema ao redor dos olhos, tornozelos ou abdome pode indicar retenção de líquidos decorrente da perda da função renal. Quando o inchaço é novo, progressivo ou não responde a medidas simples, procure um profissional de saúde.

2) Alterações na micção

Mudanças no padrão urinário — urina espumosa (possível sinal de proteína na urina), aumento da frequência, necessidade de urinar à noite ou redução significativa na quantidade de urina — merecem investigação. Esses sinais podem indicar perda da capacidade de filtração dos rins.

3) Cansaço extremo e sintomas inespecíficos

Fadiga intensa, perda de apetite, náuseas e mal-estar que não se explicam por outras causas podem ser manifestações sistêmicas da DRC. Esses sintomas ocorrem porque a insuficiência renal altera o equilíbrio de eletrólitos e a eliminação de toxinas.

Prevenção e controle: o que funciona

A prevenção passa por estratégias individuais e coletivas. No nível individual, controlar glicemia em diabéticos, manter a pressão arterial sob controle, reduzir consumo de sal, evitar medicamentos nefrotóxicos sem orientação e praticar atividade física regulares são medidas eficazes.

Em termos farmacológicos, além dos clássicos inibidores do sistema renina-angiotensina, estudos recentes mostram benefício de certos inibidores de SGLT2 na proteção renal, quando indicados por protocolo clínico.

Interpretação dos números e desigualdades regionais

Fontes globais apontam crescimento no número absoluto de pessoas com função renal reduzida, mas as taxas padronizadas por idade podem variar. Em países com envelhecimento acelerado da população, a prevalência tende a subir mesmo quando há políticas de controle de risco eficazes.

Além disso, há lacunas de acesso a exames de triagem e terapias modernas, especialmente em áreas rurais e periferias urbanas. A cobertura desigual impacta diagnósticos tardios e aumenta a necessidade de tratamentos mais complexos, como diálise ou transplante.

Situação no Brasil

No Brasil, especialistas consultados destacam que a combinação de obesidade, diabetes e hipertensão é o principal motor do aumento de casos. A detecção precoce tem papel central para reduzir progressão e mortalidade.

Segundo profissionais de nefrologia, aumentar a capilaridade de exames básicos (creatinina e albuminúria) nas unidades de atenção primária e intensificar campanhas de prevenção são medidas de alto impacto e baixo custo relativo.

Tratamentos e estágios

O tratamento depende do estágio da doença. Em fases iniciais, intervenção sobre fatores de risco e medicamentos que protegem o rim podem retardar a progressão. Em estágios avançados, a insuficiência renal terminal exige terapia renal substitutiva, como hemodiálise, diálise peritoneal ou transplante renal.

Políticas públicas que ampliem o acesso a tratamentos e reduzam barreiras logísticas são fundamentais para evitar que pacientes cheguem tarde demais a essas opções terapêuticas.

O papel da vigilância e da educação em saúde

Campanhas de conscientização devem destacar sinais de alerta e incentivar triagens regulares, especialmente em pessoas com diabetes, hipertensão e histórico familiar de doença renal. A educação em saúde também deve abordar alimentação saudável, redução do consumo de sal e cuidados com medicamentos de venda livre.

Para gestores, priorizar investimentos em atenção primária é estratégia para diagnóstico precoce e manejo eficaz, reduzindo custos e mortalidade a médio prazo.

Como agir se houver suspeita

Procure avaliação médica ao notar inchaço persistente, mudança consistente no padrão urinário ou cansaço inexplicado. Pessoas com diabetes ou hipertensão devem seguir as diretrizes de rastreamento, normalmente com testes anuais de creatinina e albuminúria, conforme recomendação clínica.

O diagnóstico precoce amplia opções de tratamento e melhora prognóstico; o acompanhamento regular permite ajustes terapêuticos e intervenções de prevenção secundária.

Conclusão e projeção

A combinação de envelhecimento populacional e epidemia de doenças crônicas coloca a DRC como prioridade de saúde pública. Analistas e especialistas apontam que, sem expansão de triagem e políticas preventivas, o número absoluto de pessoas afetadas continuará a crescer nas próximas décadas.

Investimentos em atenção primária, uso racional de medicamentos renoprotetores e campanhas de educação podem, porém, reverter tendências e reduzir a mortalidade evitável associada à doença renal crônica.

Fontes

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