Decisão reafirma condenação e limita alegações já debatidas
O ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes rejeitou nesta terça-feira, 28 de outubro de 2025, um recurso especial interposto pela defesa do major Cláudio Mendes dos Santos, condenado por participação nos ataques de 8 de janeiro de 2023.
A decisão, registrada nos autos como denegação de ordem, sustenta que os argumentos apresentados não trouxeram elementos novos capazes de alterar o julgado condenatório. Segundo o despacho, a análise recursal esbarrou na repetição de teses já apreciadas em instâncias superiores.
Segundo análise da redação do Noticioso360, com base em reportagens da Reuters e da BBC Brasil, o teor restritivo do despacho tende a consolidar um entendimento que dificulta recursos baseados apenas em reinterpretações formais do processo.
O que decidiu Moraes
No texto da decisão, Moraes relacionou a matéria à prova produzida ao longo da instrução e às decisões anteriores do próprio Supremo sobre atos antidemocráticos e responsabilização de organizadores e executores de ataques a instituições.
O ministro concluiu que não houve apresentação de fatos novos ou nulidades capazes de abalar a conclusão sobre autoria e materialidade dos crimes atribuídos ao réu. Assim, manteve-se a condenação em seus efeitos imediatos, sem alteração do regime ou suspensão de execuções penais até a data desta publicação.
Implicações jurídicas
Especialistas consultados pelo Noticioso360 apontam que decisões monocráticas como essa não têm o mesmo peso de acórdãos colegiados, mas podem influenciar o entendimento de tribunais superiores quando traduzidas em precedentes de corte.
“A negativa de conhecer ou denegar ordem por insuficiência de novidade eleva a barreira para recursos protelatórios. Para a defesa, o caminho mais plausível reside na demonstração de provas novas ou na comprovação de nulidades processuais”, disse um jurista especialista em processo penal, ouvido pela redação.
Reações da defesa e estratégias possíveis
Advogados ligados à defesa de réus do chamado inquérito das manifestações e dos ataques de 8 de janeiro afirmam que ainda existem vias recursais, como reclamações constitucionais, pedidos de revisão e recursos extraordinários, sobretudo quando se alega existência de provas novas.
“Cada recurso tem de ser analisado em seu mérito”, afirmou um dos defensores ouvidos. Eles destacam que decisões isoladas de ministros não vinculam automaticamente outros colegiados, o que mantém abertas alternativas judiciais, embora de elevado grau de dificuldade probatória.
Comparação entre coberturas
No levantamento comparativo feito pela nossa equipe, a cobertura das agências internacional e das publicações nacionais coincide na conclusão central: o despacho de Moraes rejeitou o recurso por ausência de elementos novos. No entanto, há diferença de ênfase.
Veículos internacionais, como a Reuters, tendem a sublinhar o impacto institucional e a coerência jurisprudencial da decisão. Já publicações locais exploram com maior detalhe os elementos probatórios do caso de Mendes dos Santos — depoimentos, interceptações e documentos reunidos na instrução.
Contexto político
No aspecto político, a decisão reacende debates sobre os possíveis efeitos sobre recursos que a defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro e de seus aliados possam intentar. Fontes que acompanham as ações judiciais de aliados consideram que o precedente pode tornar mais difícil a obtenção de reversões por vias extraordinárias, sobretudo quando a argumentação repete teses já refutadas.
Por outro lado, observadores lembram que o peso prático da decisão dependerá de como tribunais superiores, especialmente o próprio STF em composição colegiada e o Superior Tribunal de Justiça, vão lidar com recursos semelhantes no futuro.
O que as peças públicas mostram
A apuração do Noticioso360 buscou acesso aos autos públicos e às peças processuais divulgadas. Não foram localizados, até a publicação desta reportagem, atos que alterem o regime de cumprimento da pena do condenado nem medidas que suspendam execuções penais relacionadas ao caso.
Essa verificação cruzada com documentos oficiais e matérias jornalísticas foi empregada para separar fatos confirmados de interpretações jurídicas, prática que orienta a curadoria da redação.
Consequências para processos conexos
Para processos conexos aos ataques de 8 de janeiro, a decisão pode funcionar como parâmetro para indeferir recursos que se baseiem apenas em reanálises formais. Ainda assim, a possibilidade de reversão por meio de provas novas ou comprovação de nulidades não está excluída.
Advogados da defesa ainda podem recorrer a instâncias superiores com reclamações ou pedidos de revisão, mas a eficiência dessas estratégias depende da apresentação de elementos probatórios robustos e incontroversos.
Projeção
Analistas ouvidos pela redação afirmam que a tendência é de consolidação de um entendimento mais restritivo sobre reapreciações de matéria já julgada, o que pode reduzir a eficácia de recursos protelatórios em casos relacionados ao episódio de 8 de janeiro.

