Devo abandonar o refrigerante zero?

Evidências são mistas: substituir pode reduzir calorias, mas adoçantes têm efeitos incertos a longo prazo.

Refrigerantes rotulados como “zero” ou “diet” viraram escolhas comuns para quem quer reduzir calorias sem abrir mão do sabor doce. Mas pesquisas recentes reacenderam o debate sobre se essas bebidas são, de fato, uma alternativa mais saudável quando consumidas com regularidade.

Segundo análise da redação do Noticioso360, as evidências são heterogêneas: alguns estudos observacionais indicam associações entre adoçantes artificiais e riscos metabólicos, enquanto ensaios clínicos controlados mostram benefícios imediatos quando refrigerantes açucarados são substituídos por versões sem açúcar.

Por que o debate reacendeu

Nos últimos anos, uma série de trabalhos científicos e reportagens jornalísticas trouxe novamente atenção ao tema. Estudos observacionais encontraram correlações entre consumo frequente de adoçantes e maior risco de diabetes tipo 2, eventos cardiovasculares e alterações metabólicas. Esses achados foram amplamente divulgados por veículos como BBC Brasil, Reuters e G1, e fomentaram dúvidas entre consumidores e profissionais de saúde.

O que dizem os estudos

Há dois grupos principais de evidência: ensaios clínicos randomizados e estudos observacionais. Ensaios controlados, geralmente de curta duração, mostram que substituir bebidas açucaradas por versões sem açúcar pode reduzir a ingestão calórica e favorecer perda de peso no curto prazo.

Por outro lado, estudos observacionais, que acompanham populações ao longo do tempo, encontraram associações com maior incidência de problemas metabólicos. Pesquisadores apontam que essas relações não provam causalidade e podem refletir vieses — por exemplo, pessoas com risco maior de doença já poderiam escolher bebidas zero como estratégia de controle de peso.

Mecanismos possíveis

Algumas hipóteses biológicas vêm sendo investigadas: alterações na microbiota intestinal, modificação da percepção do sabor doce e efeitos diretos do adoçante no metabolismo. Experimentos em animais e estudos em humanos sugerem que diferentes adoçantes — como sucralose, aspartame e estévia — podem atuar de maneiras distintas, o que dificulta generalizações.

O posicionamento de autoridades e especialistas

Agências reguladoras, como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e entidades internacionais, afirmam que adoçantes aprovados são seguros quando consumidos dentro dos limites diários aceitáveis (ADI, na sigla em inglês). Esses parâmetros são definidos após avaliações toxicológicas realizadas por comissões científicas.

Nutricionistas ouvidos em reportagens no Brasil recomendam uma abordagem pragmática: trocar ocasionalmente um refrigerante açucarado por uma versão zero pode reduzir o consumo de açúcar e calorias. Porém, alertam que refrigerante zero não deve ser a principal fonte de hidratação do dia a dia — água e bebidas sem adoçar são preferíveis.

Como interpretar o risco para você

Se a intenção é reduzir calorias imediatamente, a substituição por uma versão sem açúcar pode ser uma estratégia efetiva. Por outro lado, consumir grandes volumes diariamente — mesmo sem calorias — pode não ser isento de consequências para o metabolismo de longo prazo, segundo alguns estudos.

Especialistas aconselham observar sinais individuais: alterações na glicemia, no apetite, desconfortos gastrointestinais ou ganho de peso inesperado podem justificar uma revisão do hábito. Para pessoas com diabetes ou em tratamento para perda de peso, a orientação médica personalizada é recomendada.

Recomendações práticas

  • Priorize água, chás sem açúcar e bebidas não adoçadas como fontes principais de hidratação.
  • Use refrigerantes zero com moderação, especialmente se consumidos diariamente.
  • Considere a troca pontual por versões sem açúcar para reduzir ingestão de calorias em situações sociais ou esporádicas.
  • Se tem condição clínica (diabetes, síndrome metabólica), consulte seu médico ou nutricionista antes de adotar mudanças permanentes.

O que falta na pesquisa

Faltam ensaios randomizados de longa duração que comparem, em populações diversas, os efeitos de diferentes adoçantes sobre desfechos como diabetes tipo 2, eventos cardiovasculares e mortalidade. Também são necessárias pesquisas que investiguem diferenças entre tipos específicos de adoçantes e suas combinações com padrões alimentares.

Enquanto evidencia for incompleta, a posição mais prudente recomendada por muitos cientistas e organizações de saúde é a moderação: reduzir, alternar e monitorar o consumo.

Conclusão

A decisão de abandonar totalmente o refrigerante zero depende do objetivo individual. Para quem busca reduzir calorias imediatamente, a troca por uma versão sem açúcar pode trazer benefício. Para quem mira saúde metabólica de longo prazo, reduzir bebidas adoçadas e favorecer alternativas não adoçadas continua sendo a opção mais segura, segundo o conjunto de evidências apurado.

Fontes

Veja mais

Conteúdo verificado e editado pela Redação do Noticioso360, com base em fontes jornalísticas verificadas.

Analistas apontam que novos estudos podem redefinir recomendações sobre bebidas adoçadas nos próximos anos.

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