CuidaSM: ferramenta para priorizar quem precisa de cuidado imediato
Pesquisadores do Hospital Israelita Albert Einstein apresentaram a Escala Brasileira de Avaliação das Necessidades de Cuidado em Saúde Mental (CuidaSM), proposta como instrumento para identificar rapidamente o impacto do sofrimento psíquico na vida cotidiana e orientar encaminhamentos na rede do Sistema Único de Saúde (SUS).
A escala foi desenvolvida para acelerar a identificação de pessoas que necessitam de atenção imediata e padronizar critérios de encaminhamento entre a atenção primária e serviços especializados. A proposta é mensurar de forma prática aspectos que interferem na rotina — sono, trabalho, relações sociais e autocuidado — e, a partir desses sinais, indicar o nível de cuidado mais adequado.
Segundo análise da redação do Noticioso360, com base em checagens junto a matérias do G1 e da Agência Brasil, o CuidaSM surge como uma ferramenta promissora para triagem em unidades básicas de saúde (UBS), mas depende de integração e investimentos para ter efeito real na ampliação do acesso.
Como funciona a escala
O CuidaSM apresenta itens que avaliam o quanto o sofrimento mental interfere nas atividades diárias. Cada resposta contribui para uma classificação do nível de necessidade: acompanhamento na atenção básica, suporte ambulatorial especializado ou atenção psicossocial mais intensiva, como a oferta dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS).
Em entrevistas com gestores e profissionais ouvidos na apuração, a principal vantagem apontada foi a possibilidade de orientar decisões clínicas em UBS que nem sempre dispõem de tempo ou treinamento para avaliar profundamente a gravidade dos casos.
Validação e limites metodológicos
A equipe do Einstein informou que o instrumento passou por fases de validação com amostras clínicas e comunitárias. Esses testes buscam assegurar que os itens reflitam necessidades reais de cuidado e que a escala seja sensível para diferenciar níveis de gravidade.
No entanto, especialistas consultados ressaltam que escalas e instrumentos são complementares às avaliações clínicas e não substituem o julgamento profissional. A aplicabilidade depende tanto da qualidade da validação quanto do contexto em que é usado.
Possíveis vieses e cuidados
Segundo pesquisadores da área, instrumentos de triagem podem subestimar ou superestimar riscos em função de diferenças culturais, socioeconômicas e regionais. Por isso, é recomendada adaptação local e treinamento dos profissionais que aplicarão a escala.
Desafios para implementação no SUS
Na prática, a efetividade do CuidaSM no SUS vai depender de fatores operacionais. Entre os desafios citados pela apuração estão demandas elevadas nas unidades, falta de profissionais especializados em alguns territórios e variações regionais na oferta de serviços.
Em municípios com rede de atenção psicossocial consolidada, a escala pode ajudar a priorizar casos e reduzir atrasos no encaminhamento. Por outro lado, em locais com escassez de serviços, o instrumento pode apenas documentar necessidades sem garantir resposta imediata.
Integração com fluxos locais e sistemas de informação
Para que a escala cumpra o papel de acelerar o acesso, será necessário desenhar protocolos locais de encaminhamento, capacitar equipes e integrar os resultados aos sistemas de informação do Ministério da Saúde. Sem esses elementos, a padronização proposta pelo instrumento corre o risco de não se traduzir em mudança prática.
Proteção de dados e ética
Existe consenso entre fontes consultadas sobre a necessidade de cuidar das informações sensíveis coletadas pela triagem. Ferramentas que armazenam dados clínicos devem observar normas de privacidade, definir fluxos claros de acesso e garantir consentimento informado dos usuários.
Especialistas recomendam que qualquer implementação inclua orientação sobre armazenamento seguro, anonimização quando apropriada e regras explícitas sobre quem pode acessar os dados e para quais fins.
A visão dos gestores e profissionais
Gestores ouvidos pela apuração indicaram que o ganho principal esperado é orientação mais clara para encaminhamentos a partir da atenção básica. Profissionais lembraram, porém, que sem ampliação da rede e formação continuada, a ferramenta corre o risco de apenas aumentar a demanda sem resposta.
Em entrevistas, a combinação de um instrumento padronizado com protocolos locais foi citada como condição para que o CuidaSM contribua efetivamente para reduzir o intervalo entre o reconhecimento do sofrimento mental e o início do cuidado.
Conclusão e próximos passos
Atualmente, a escala foi divulgada e já há iniciativas-piloto em algumas unidades. Ainda não existem evidências consolidadas de impacto em larga escala dentro do SUS. Os próximos passos apontados pelos pesquisadores e por gestores incluem expansão de testes, monitoramento de implementações e estudos para avaliar se o instrumento reduz o tempo até o tratamento e melhora desfechos clínicos.
Analistas destacam que a tradução da ferramenta em melhorias concretas dependerá de articulação entre gestores, capacitação de equipes e investimento na ampliação da rede de atenção psicossocial.
Especialistas e documentos consultados pela redação também reforçam que instrumentos como o CuidaSM são avanços técnicos relevantes, mas não substituem a necessidade de políticas públicas robustas e contínuas para fortalecer a saúde mental no país.
Perspectiva: Analistas apontam que, se houver investimentos em formação e integração, o CuidaSM pode reduzir o tempo até o tratamento e ganhar escala nos próximos anos.
Fontes
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