RJ autoriza progressão com até seis reprovações

Decreto estadual permite avanço de série se aluno cumprir programa de recuperação paralelo.

O que muda

O governo do Estado do Rio de Janeiro publicou um decreto que autoriza alunos do Ensino Médio da rede estadual a progredirem para a série seguinte mesmo quando reprovados em até seis disciplinas. A medida entra em vigor neste ano letivo e prevê que a promoção parcial esteja condicionada ao cumprimento de um regime de recuperação paralelo definido e conduzido pelas próprias escolas.

Segundo apuração do Noticioso360, que cruzou documentos oficiais e reportagens de veículos nacionais, o texto legal estabelece que as unidades escolares deverão elaborar, executar e monitorar programas complementares de recuperação. Esses programas incluem atividades pedagógicas, acompanhamento e critérios claros para atestar que o estudante recuperou os conteúdos essenciais.

Como funcionará na prática

O decreto fixa a progressão parcial como alternativa à retenção imediata. Em vez de manter o aluno na série, a escola poderá autorizar a passagem de ano desde que o estudante participe e comprove a frequência e o desempenho nas ações de recuperação paralela.

“A promoção não equivale à aprovação automática”, ressalta o texto. As diretorias regionais de ensino ficam responsáveis por supervisionar a implementação e aplicar prazos e mecanismos de controle previstos em portarias técnicas que acompanharam o decreto.

Responsabilidade das escolas

As escolas estaduais terão autonomia para definir o formato das intervenções: rotações de reforço, encontros semanais, atividades remotas ou híbridas, e avaliações suplementares. A norma exige um plano com metas e critérios de avaliação para que a progressão seja validada pela unidade escolar.

Na prática, gestores e professores terão de redesenhar calendários de avaliação e organizar itinerários de recuperação mais intensivos para alunos com defasagem. A medida visa reduzir a evasão e assegurar continuidade dos estudos, segundo justificativa oficial.

Reações e alertas de especialistas

Por outro lado, entidades sindicais e especialistas em educação ouvidos por diferentes veículos manifestaram cautela. Há preocupações sobre a qualidade e a consistência dos regimes paralelos, além do risco de que a flexibilização de critérios oculte lacunas reais de aprendizagem.

Professores apontam que o sucesso dependerá de formação específica para intervenções pedagógicas, alocação de tempo de planejamento e recursos adicionais. Sem esses insumos, alertam, a recuperação pode se tornar meramente administrativa.

Impactos na desigualdade

Uma das críticas centrais é que a delegação de formato às escolas poderá ampliar desigualdades regionais. Unidades com mais recursos tendem a oferecer programas de recuperação mais estruturados; escolas em áreas mais vulneráveis podem enfrentar dificuldades para atender à demanda.

Assessores jurídicos e pesquisadores consultados enfatizam a necessidade de indicadores de aprendizado e supervisão técnica contínua. Sem monitoramento rigoroso, dizem, a progressão parcial pode se limitar a um mecanismo sem ganhos efetivos.

Pontos ainda em aberto

A apuração do Noticioso360 identificou lacunas: o decreto traz parâmetros gerais, mas delega às escolas a definição de formato e cronograma. Não há padronização nacional nem calendário uniforme para todas as diretorias regionais, o que pode gerar variação considerável entre colégios.

Além disso, algumas dúvidas permanecem sobre prazos exatos, critérios de frequência exigidos nas ações de recuperação e a articulação dessas medidas com exames de certificação do Ensino Médio. A redação do decreto é acompanhada de uma portaria técnica que detalha procedimentos, mas sua aplicação prática será verificada nas próximas semanas.

O que pais, estudantes e gestores devem fazer

Para acompanhar a implementação, a reportagem recomenda que famílias e conselhos escolares solicitem às diretorias regionais acesso às portarias de regulamentação e cobrem divulgação clara das escolas sobre como será a recuperação paralela em cada unidade.

Também é importante que comunidades escolares exijam transparência sobre indicadores de participação, desempenho nas atividades e resultados por turma. Esses dados permitirão avaliar se a medida está mitigando a evasão sem sacrificar a aprendizagem.

Fontes

Veja mais

Conteúdo verificado e editado pela Redação do Noticioso360, com base em fontes jornalísticas verificadas.

Analistas apontam que a mudança pode redefinir as políticas de promoção escolar e intensificar debates sobre padrões de avaliação nos próximos meses.

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