Hábitos que ajudam a 'limpar' as artérias

Cardiologistas detalham sinais, medidas diárias e tratamentos que reduzem placas e o risco de infarto.

Entenda por que as artérias entopem

As artérias transportam sangue oxigenado do coração para órgãos e tecidos. Quando há acúmulo de placas de gordura, cálcio e tecido fibroso — processo chamado aterosclerose — a luz arterial fica mais estreita e a circulação é comprometida. Isso eleva o risco de infarto agudo do miocárdio e acidente vascular cerebral (AVC).

O quadro não tem um único gatilho: fatores como hipertensão, diabetes, tabagismo, sedentarismo e predisposição genética aceleram a formação e a progressão das placas. Em muitos casos, a doença é silenciosa até ocorrer um evento agudo.

O que a curadoria do Noticioso360 conclui

Segundo análise da redação do Noticioso360, com base em relatórios e entrevistas publicados pelo G1 e pela BBC Brasil, as estratégias com melhor suporte científico combinam mudanças de estilo de vida e, quando indicado, terapia medicamentosa.

Cardiologistas consultados em diretrizes e revisões apontam dois mecanismos centrais para o entupimento: o acúmulo de lipídios na parede arterial e a resposta inflamatória crônica. A estabilização ou regressão das placas depende da composição (gordurosa ou calcificada), do tempo de evolução e da adesão ao tratamento.

Sinais que merecem atenção

Alguns sintomas devem motivar busca por avaliação médica imediata: dor torácica (angina), falta de ar aos esforços, cansaço incomum e episódios de desmaio. Contudo, muitos pacientes com placas significativas são assintomáticos.

Por isso, a detecção precoce se apoia em exames de rotina: painel lipídico, glicemia, aferição da pressão arterial, eletrocardiograma e, conforme a suspeita, teste ergométrico ou exames de imagem coronariana (tomografia de coronárias ou angiografia).

Medidas diárias que reduzem placas e risco

As recomendações que se repetem em guias clínicos e em literatura especializada são práticas e possíveis de serem incorporadas ao cotidiano. Abaixo, as principais.

Dieta equilibrada

Adotar um padrão alimentar similar à dieta mediterrânea — com vegetais, frutas, grãos integrais, peixes e azeite de oliva — ajuda a reduzir o colesterol LDL (“ruim”) e a inflamação vascular. Restringir gorduras saturadas e trans, reduzir açúcares simples e evitar alimentos ultraprocessados contribui para o controle de peso e da glicemia.

Atividade física regular

Exercício físico melhora o perfil lipídico, reduz pressão arterial e melhora a função endotelial. A recomendação mínima é de 150 minutos semanais de intensidade moderada ou 75 minutos vigorosa, distribuídos ao longo da semana.

Parar de fumar e reduzir álcool

O tabagismo acelera a aterosclerose e eleva o risco de eventos. A cessação traz benefícios rápidos e expressivos. Consumo excessivo de álcool também contribui para hipertensão e alterações metabólicas; moderação é indicada.

Controle de fatores de risco

Monitorar e tratar hipertensão, diabetes e dislipidemia é crucial. Medidas simples como pesar-se regularmente, medir a pressão e manter consultas periódicas com o médico facilitam intervenções precoces.

Quando a medicação é necessária

Nem sempre mudanças de hábito bastam, especialmente em pessoas com alto risco cardiovascular. Estatinas continuam sendo o pilar do tratamento para redução do LDL e prevenção de infarto e AVC.

Em pacientes selecionados, podem ser adicionados outros agentes redutores de colesterol (como ezetimiba ou inibidores de PCSK9) e, quando há risco trombótico relevante, anticoagulantes ou antiplaquetários sob indicação médica.

Procedimentos invasivos — angioplastia com stent ou cirurgia de revascularização miocárdica (bypass) — são reservados para obstruções sintomáticas ou em risco iminente, após avaliação detalhada pelo cardiologista.

O mito de “limpar” as artérias

Expressões do senso comum como “limpar” as artérias simplificam em excesso um processo complexo. A combinação de mudanças comportamentais e terapias médicas tende a estabilizar as placas e, em muitos casos, reduzir seu volume, mas a reversão total depende de variáveis individuais.

Especialistas alertam que promessas de soluções milagrosas — suplementos ou dietas milagrosas — carecem de evidência robusta e podem atrasar tratamentos eficazes.

Na prática: um roteiro para pacientes

  • Checar regularmente pressão arterial, glicemia e colesterol.
  • Adotar alimentação rica em fibras e pobre em gorduras saturadas.
  • Praticar atividade física semanalmente conforme orientação.
  • Evitar tabaco e controlar o consumo de álcool.
  • Aderir a tratamentos prescritos e comparecer a consultas de acompanhamento.

O histórico familiar e o cálculo do risco cardiovascular (por exemplo, escore de risco) orientam quando iniciar estatinas ou solicitar exames de imagem adicionais.

Riscos e limites das intervenções

Revisões científicas e reportagens especializadas ressaltam tanto a eficácia das medidas combinadas quanto seus limites. Em populações de alto risco, a associação entre dieta saudável e medicação produz os melhores resultados. Para pessoas sem fatores de risco, mudanças de estilo de vida permanecem a recomendação primária.

Além disso, o acesso a exames e a adesão a medicamentos são barreiras práticas em diferentes contextos, o que demanda políticas públicas e campanhas educativas.

Fontes

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