Alvo da checagem
O debate no programa Última Análise, exibido na quinta-feira (27), levantou a informação de que uma medida do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes teria atingido as filhas de um deputado identificado como Ramagem. O programa classificou a suposta ação como “terror psicológico” contra menores e familiares de parlamentar.
Segundo a própria narrativa, a afirmação circulou sem apresentação de documentos públicos que comprovem a existência de mandados, intimações ou outros atos processuais direcionados especificamente às filhas do parlamentar.
Curadoria e método de verificação
Segundo análise da redação do Noticioso360, com base em dados da Reuters e da BBC Brasil, a equipe cruzou reportagens, decisões judiciais e bases públicas de dados para verificar três pontos centrais: 1) se houve ordem judicial do ministro Alexandre de Moraes voltada às filhas de um deputado Ramagem; 2) qual foi a natureza da medida; e 3) se há indício de tratamento diferenciado por serem menores de idade.
A apuração incluiu consultas a agências de notícias, jornais de grande circulação e sistemas públicos de diários oficiais e tribunais. Também foram consideradas declarações públicas e registros em veículos de imprensa que costumam acompanhar os inquéritos sob relatoria do ministro.
O que foi localizado — e o que não foi
Não foram encontradas, até o fechamento desta checagem, reportagens ou documentos judiciais que confirmem, de forma inequívoca, uma ordem do ministro Alexandre de Moraes com impacto direto sobre filhas menores de um deputado Ramagem.
Há vasta documentação sobre medidas adotadas por Moraes no âmbito de inquéritos que investigam desinformação, ataques às instituições e atos antidemocráticos. Essas medidas incluem solicitações de bloqueio de contas, quebras de sigilo e intimações. Em alguns casos, a imprensa registrou que familiares ou assessores de investigados foram mencionados em procedimentos, mas sempre com indicação do vínculo e da fundamentação legal nos autos.
Por outro lado, a revisão não localizou despacho, mandado, certidão ou reportagem que cite as filhas de um parlamentar com o sobrenome Ramagem como alvos de decisão do ministro. Menções em redes sociais e em programas de opinião não apresentaram referência documental que permita confirmar a alegação.
Aspecto jurídico e proteção a menores
Em termos jurídicos, quando medidas processuais atingem terceiros, especialmente menores, os autos costumam explicitar a necessidade, a finalidade e as limitações dessas providências. A legislação brasileira prevê tutela reforçada de direitos de crianças e adolescentes, condicionando ações que possam atingi-los à proporcionalidade e à menor exposição possível.
Se um ato judicial realmente alcançasse menores, seria esperado que houvesse registro nos autos com cautela especial, ou que veículos de apuração investigativa apresentassem cópia ou transcrição de despachos e mandados, o que não ocorreu neste caso.
Onde surgem as divergências
A divergência principal está entre afirmações de programas opinativos e checagens em veículos de reportagem. Programas e publicações em redes sociais citaram as “filhas de deputado Ramagem” sem indicação de documento ou processo específico.
Reportagens de apuração sobre decisões do ministro, por sua vez, tendem a reproduzir fundamentos legais e objetivos das medidas, e quando citam atingidos por decisões judiciais especificam vínculos e contexto. Na checagem feita pelo Noticioso360 não foi localizada essa correlação documental que justificasse a narrativa mais contundente divulgada em determinados fóruns públicos.
Contexto político e repercussões
É fato consolidado que Alexandre de Moraes encabeçou medidas duras contra redes de desinformação e agentes considerados prejudiciais à ordem democrática. Essas ações geraram críticas e debates sobre amplitude e limites da atuação judicial em matéria política.
Esses episódios criam ambiente propício para interpretações ampliadas e, por consequência, para a circulação de versões que misturam decisões legítimas com alegações sem documentação. O resultado é amplificação do debate público, mas também risco de desinformação sobre atos que demandam comprovação documental.
O papel da imprensa e das plataformas
Além disso, plataformas digitais e programas de opinião contribuem para a difusão rápida de narrativas que podem não ter lastro em documentos públicos. A imprensa responsável deve seguir o princípio da identificação de fontes e da apresentação de provas antes de afirmar que terceiros, sobretudo menores, foram alvo de medidas judiciais.
Conclusão provisória e recomendações
Com base na apuração feita até o momento, a afirmação de que Alexandre de Moraes teria emitido uma medida que objetivamente atingiu filhas menores de um deputado Ramagem permanece sem comprovação em veículos e documentos públicos consultados.
Recomendamos considerar a alegação como não verificada até que seja apresentada prova documental — como despacho, mandado, certidão ou reportagem investigativa que cite autos do processo. Acompanhe publicações oficiais do STF e reportagens que comprovem a existência de atos processuais antes de republicar a narrativa.
Projeção
Analistas apontam que o debate sobre limites da atuação judicial e o impacto sobre familiares de investigados deve persistir e pode redefinir o desenho das investigações de alta visibilidade nos próximos meses.
Fontes
Veja mais
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Conteúdo verificado e editado pela Redação do Noticioso360, com base em fontes jornalísticas verificadas.

