Morte de gari: réu diz que estava armado após ameaças

Em audiência, o empresário afirmou ter levado arma por temor de ameaças; julgamento segue com versões conflitantes.

Investigação e depoimentos

Terminou na manhã desta quarta-feira (26/11) o segundo dia da audiência de instrução no 1º Tribunal do Júri do Fórum Lafayette, em Belo Horizonte, sobre a morte de um gari. O empresário Renê da Silva Nogueira, de 47 anos, prestou depoimento por videoconferência e reafirmou que estava armado no dia do crime porque, segundo ele, havia recebido ameaças prévias.

Segundo a versão apresentada pela acusação, o desentendimento teria resultado em disparos que levaram à morte do trabalhador. Testemunhas ouvidas pela promotoria relataram ter visto o réu no local do crime e apontaram elementos que, em avaliação do Ministério Público, não se enquadrariam em legítima defesa.

Curadoria e cruzamento de informações

A apuração do Noticioso360, com cruzamento de dados de veículos locais, indica que as versões colhidas até agora se contradizem em pontos essenciais. Em sessão presidida pela juíza Ana Carolina Hauer, foram ouvidas testemunhas de acusação e defesa, e ficou definido que peritos apresentarão laudos balísticos para esclarecer a trajetória dos projéteis.

Versões em conflito

A defesa reforçou a tese de legítima defesa e alegou que Renê agiu em estrito medo, em razão das ameaças que diz ter sofrido. Em depoimento por videoconferência, o réu informou que está detido no presídio de Caeté desde a decretação da prisão preventiva e que optou por depor remotamente por motivos de segurança e logística.

Por outro lado, a promotoria sustenta que havia elementos suficientes para imputar a autoria a Renê e que as circunstâncias do caso não se enquadrariam na exoneração de ilicitude. Entre os pontos discutidos em audiência estão a dinâmica do confronto, a intenção do acusado e a correspondência entre os projéteis e a arma atribuída a ele.

Provas técnicas pendentes

Durante a instrução, peritos assinalaram que exames balísticos e outras perícias são essenciais para a elucidação do caso. A juntada de laudos deve apontar a trajetória dos disparos, a distância entre atirador e vítima e a eventual compatibilidade entre a arma apreendida e os projéteis recolhidos na cena.

Além disso, os autos serão analisados quanto à existência de imagens, registros telefônicos ou outras evidências que possam corroborar uma das versões. O resultado dessas diligências tende a influenciar o encaminhamento do processo ao Tribunal do Júri.

Depoimentos e estratégias processuais

Testemunhas ouvidas pela acusação relataram ter observado o réu no local do crime, mas algumas declarações variaram em detalhe e cronologia. A defesa, por sua vez, buscou demonstrar a presença de ameaças anteriores ao episódio, tentando, assim, construir um cenário de temor justificável.

Ao longo da instrução, foram debatidos pedidos de acareação e diligências complementares. A juíza responsável conduziu a sessão com foco na colheita de provas e na delimitação dos pontos controvertidos, em conformidade com os prazos processuais.

Contexto processual

Renê responde a outros processos e permaneceu preso preventivamente desde a prisão. A adoção da prisão preventiva, conforme consta nos autos, justificou a realização do depoimento por videoconferência. A defesa alegou questões de segurança e logística para justificar a ausência física do acusado na audiência.

Em termos práticos, a instrução servirá para delimitar as provas que serão levadas a julgamento. Se os elementos apresentados forem considerados suficientes, o processo será remetido ao Conselho de Sentença; caso contrário, poderão ser propostas teses de absolvição, desclassificação do crime ou novas diligências.

Riscos e repercussões locais

O caso ganhou repercussão na capital mineira pelo fato de envolver a morte de um trabalhador e pela divergência entre as versões. A cobertura local sinaliza diferenças factuais em reportagens, com alguns veículos enfatizando a versão da defesa e outros destacando depoimentos que apontam responsabilidade direta do réu.

Essa divisão na narrativa pública reforça a necessidade de provas técnicas que possam dirimir dúvidas sobre a dinâmica dos fatos. No tribunal, a juíza salientou a importância de se manter a neutralidade na apreciação das provas até a conclusão da instrução.

Próximos passos da instrução

As etapas seguintes incluem a juntada de laudos periciais, novas oitivas de testemunhas e a análise de possíveis registros de imagem. Peritos forenses já foram acionados e há expectativa de que os laudos balísticos cheguem aos autos nas próximas semanas.

Se os exames confirmarem correspondência entre projéteis e a arma atribuída ao réu, a acusação tende a reforçar o pedido de pronúncia para julgamento pelo Tribunal do Júri. Caso contrário, a defesa poderá requerer a absolvição sumária, trancamento da ação ou a desclassificação da tipificação penal.

Impacto e acompanhamento

A redação do Noticioso360 acompanha o caso e seguirá atualizando a cobertura à medida que novos documentos e decisões judiciais forem disponibilizados. Mantemos o compromisso de checagem cruzada entre fontes antes de qualificar qualquer versão como definitiva.

Enquanto a instrução não for concluída, o processo permanecerá em movimento no fórum, com possibilidade de novos pedidos de diligência por ambas as partes.

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Fontes

Conteúdo verificado e editado pela Redação do Noticioso360, com base em fontes jornalísticas verificadas.

Perspectiva: Analistas e operadores do direito avaliam que o desfecho das perícias balísticas nas próximas semanas pode ser decisivo para o encaminhamento do processo e para possíveis mudanças na estratégia das partes nos próximos meses.

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