Governo admite ir ao STF se aposentadoria avançar

Ministro interino diz que Executivo pode vetar e recorrer ao STF; custo estimado é R$24,72 bilhões em 10 anos.

Governo sinaliza reação jurídica e política ao PLC das aposentadorias

O ministro interino da Fazenda, Dario Durigan, afirmou em Brasília nesta segunda-feira (24 de novembro de 2025) que o governo federal pode recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) caso avance o projeto de lei complementar 185/2024, que prevê aposentadoria especial para agentes comunitários de saúde e de combate às endemias.

A declaração ocorreu em meio a intensa articulação no Congresso sobre o tema e à pressão de categorias que atuam na linha de frente da atenção básica. Segundo Durigan, “há espaço para o Executivo utilizar todas as medidas legais disponíveis”, incluindo o veto presidencial e, se necessário, a judicialização da matéria.

Curadoria e cruzamento de dados

Segundo análise da redação do Noticioso360, que cruzou dados públicos e reportagens de veículos como o Poder360, a projeção de impacto orçamentário citada por técnicos aponta para R$ 24,72 bilhões ao longo de dez anos. A redação também identificou que a metodologia por trás dessa estimativa não foi detalhada em comunicados oficiais, o que limita a comparação entre estudos e torna a aferição do custo mais complexa.

Impacto fiscal e metodologias em debate

Fontes consultadas apontam que o número de R$ 24,72 bilhões é fruto de estimativas internas do Ministério da Economia. Entretanto, não há publicação consolidada com hipóteses claras sobre adesão das categorias, idade média, expectativa de vida, sexo dos beneficiários ou regras de transição – parâmetros que alteram significativamente o resultado final.

“Sem acesso à metodologia, fica difícil avaliar se a projeção considera medidas de mitigação, como regras de transição mais rígidas ou critérios de exposição ocupacional”, disse um técnico do Executivo que pediu anonimato. Por outro lado, parlamentares favoráveis ao PLC sustentam que a matéria corrige distorções históricas e que a adequação legal a trabalhadores expostos a riscos biológicos é uma demanda legítima.

Três pontos de discordância

A apuração do Noticioso360 identificou três focos principais de divergência entre Executivo e Legislativo: a estimativa do custo, a avaliação sobre a constitucionalidade do texto e a estratégia política para aprovação ou veto.

Primeiro, a mensuração do impacto fiscal varia conforme os critérios adotados. Segundo, há dúvidas jurídicas sobre a forma de inclusão do benefício e eventuais conflitos com regras aprovadas na reforma da Previdência. Terceiro, a articulação política dependerá da capacidade do governo em negociar ajustes que reduzam custos ou em usar o veto como instrumento para recompor o texto.

Possíveis caminhos do Executivo

O governo tem, em tese, três alternativas: sancionar o projeto tal como aprovado pelo Congresso, sancionar com veto parcial ou integral, ou recorrer ao STF questionando a constitucionalidade de pontos centrais.

Um veto, se adotado, abriria espaço para negociações com os parlamentares na tentativa de reconduzir uma versão mais contida do benefício. Já a judicialização acionaria o Judiciário para avaliar compatibilidade entre a norma aprovada e a Constituição, especialmente quanto às regras fiscais e à equivalência entre poderes.

Reações políticas

No parlamento, líderes de bancada e sindicatos pressionam pela aprovação, alegando reparação histórica para trabalhadores que atuam em condições de risco. Parlamentares favoráveis dizem que o texto inclui regras de transição e critérios para concessão, o que reduziria custos em relação a uma concessão ampla e sem requisitos.

Segundo aliados do governo ouvidos pela reportagem, a posição oficial ainda depende de estudos mais detalhados do Ministério da Economia e de avaliações jurídicas. A equipe econômica, conforme apurou o Noticioso360, vem debatendo internamente alternativas de mitigação e eventuais contrapartidas orçamentárias.

O plano jurídico: STF como última instância

A indicação de que o Executivo pode levar a questão ao STF revela preocupação com pontos de constitucionalidade. Caso o governo opte por esse caminho, o tribunal terá de lidar com um conflito entre os poderes: o Legislativo, que aprovou a norma, e o Judiciário, que interpretará sua conformidade com a Constituição.

Especialistas em direito público consultados afirmam que o STF poderá analisar, entre outros aspectos, a natureza da hipótese de despesa obrigatória e a compatibilidade com regras fiscais vigentes. “Não é incomum que matérias com impacto orçamentário relevante sejam levadas ao Judiciário quando há dúvidas constitucionais”, afirmou uma advogada especialista em direito previdenciário.

Transparência dos números

A reportagem do Noticioso360 solicitou posicionamento formal ao Ministério da Economia sobre a metodologia do cálculo e sobre medidas compensatórias, mas não obteve resposta até a publicação. Também houve tentativa de contato com lideranças parlamentares favoráveis ao projeto para esclarecer prazos e possíveis alterações no texto.

Analistas técnicos ressaltam que a divulgação completa da metodologia é essencial para um debate público qualificado. Sem isso, as estimativas circulantes permanecem sujeitas a interpretações e podem alimentar tanto a rejeição quanto a defesa da matéria sem fundamento comparável.

Consequências práticas

Se confirmada a projeção fiscal, o governo terá que avaliar com mais rigor alternativas que equilibrem a concessão de direitos e a manutenção das metas fiscais. Entre as opções estão emendas que reduzam o custo, compensações orçamentárias ou o uso do veto combinado com negociações políticas.

Cada decisão terá implicações distintas sobre o calendário orçamentário, as metas fiscais e a relação entre Executivo e Legislativo, sobretudo em ano de ajustes econômicos e atenção às contas públicas.

Fechamento e projeção

Na avaliação de especialistas ouvidos pelo Noticioso360, a possibilidade de recorrer ao STF é real, mas seu uso dependerá tanto de fundamentos técnicos quanto do cálculo político. O desfecho deverá combinar decisões jurídicas, negociações parlamentares e a divulgação de estudos que sustentem eventuais alternativas.

Analistas apontam que o movimento pode redefinir o cenário político nos próximos meses, afetando negociações fiscais e pautas sociais no Congresso.

Fontes

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Conteúdo verificado e editado pela Redação do Noticioso360, com base em fontes jornalísticas verificadas.

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