Polêmica sobre ‘Tremembé’ coloca em xeque limites do entretenimento
A série Tremembé, assinada por Ullisses Campbell, virou alvo de debate após declarações do autor nas quais ele descreve a produção como um “produto pop” pensado para alcançar grande público. A reação nas redes e na imprensa cultural concentra-se na possível glamurização de crimes e na forma como vítimas são representadas.
Segundo análise da redação do Noticioso360, cruzando reportagens publicadas no G1 e na Folha de S.Paulo, há dois eixos centrais nessa controvérsia: a defesa autoral de que a obra é entretenimento com vocação popular e as críticas de especialistas que pedem mais cuidado ético na narrativa de crimes reais.
O que diz o autor e como se formou a reação
Em entrevistas e publicações associadas ao blog de true crime vinculado ao universo editorial do GLOBO, Campbell afirmou que a série foi concebida com a intenção de dialogar com uma audiência ampla. “A ideia foi fazer algo que conversasse com o público, sem pretensão de sermos um documento acadêmico”, disse o autor em uma das declarações publicadas.
Por outro lado, colunas e reportagens críticas, em especial publicadas na Folha de S.Paulo, ressaltam a preocupação de pesquisadores e especialistas em ética jornalística. Esses comentaristas argumentam que narrativas que transformam crimes reais em entretenimento podem minimizar a dor das vítimas e romantizar figuras criminosas.
Diferenças de foco entre veículos
O levantamento do Noticioso360 identificou que o G1 tende a reproduzir trechos das falas de Campbell e a contextualizar a defesa no campo da produção audiovisual. Em contraste, reportagens da Folha trouxeram vozes críticas, inclusive de associações e estudioso(a)s, que pedem que produções do gênero adotem medidas de proteção às vítimas e cuidem da veracidade documental.
Curadoria e metodologia
A apuração da nossa redação cruzou as versões disponíveis publicamente e distinguiu afirmações diretas de interpretações de terceiros. Sempre que veículos divergiram sobre um ponto factual — por exemplo, se a intenção artística foi declarada pela equipe da série como predominante — apresentamos ambas as versões sem hierarquizar opiniões.
Nosso trabalho verificou três pontos fundamentais: a autoria atribuída a Ullisses Campbell; a natureza declarada da série como proposta de entretenimento; e as críticas relativas ao tratamento de crimes reais. Não foram encontradas contradições formais sobre datas de publicação das falas do autor nas matérias consultadas.
Argumentos centrais dos defensores
Campbell e apoiadores argumentam que o formato “pop” amplia o alcance do debate público sobre criminalidade e memória. Segundo essa linha, levar histórias a formatos mais consumíveis pode provocar discussões que, de outra forma, não chegariam ao grande público.
“Queremos que o tema chegue às conversas cotidianas, não apenas a bolhas acadêmicas ou jornalísticas”, afirmou um membro da produção em nota de esclarecimento. Defensores também apontam precedentes internacionais em que produções de true crime impulsionaram investigação pública e mudanças legislativas.
Críticas e riscos éticos
Especialistas consultados em reportagens da mídia tradicional alertam para riscos: a romantização de criminosos, a revitimização de familiares e a naturalização de narrativas incompletas. Há, segundo essas análises, a necessidade de rigor na checagem de fatos e de contextualização histórica.
Alguns críticos pedem protocolos claros, como consulta a familiares das vítimas, uso criterioso de reconstituições dramáticas e notas explicativas sobre escolhas narrativas. Também há chamado para que plataformas e produtoras publiquem apêndices factuais ou materiais de apoio que expliquem o que é dramatização e o que é documentado.
Contexto internacional e percepção no Brasil
Jornalistas que cobriram a polêmica destacam que a discussão não é inédita: produções americanas do gênero também enfrentaram questionamentos semelhantes. No entanto, essas obras, muitas vezes, sofreram menos resistência pública no Brasil, segundo observadores, por diferenças culturais no consumo de true crime e nas expectativas em relação à memória das vítimas.
O que a checagem encontrou
Entre os pontos verificados, confirmamos a autoria de Ullisses Campbell e as declarações atribuídas a ele nas matérias consultadas. A redação do Noticioso360 não identificou contradições formais sobre datas de publicação das falas, mas observou variação na ênfase das reportagens: algumas destacaram a defesa autoral; outras, o alerta ético.
Também levantamos que a movimentação nas redes sociais impulsionou a repercussão editorial, com manifestações tanto de apoiadores quanto de críticos. Em resposta, a produção da série indicou abertura para diálogo e revisão de trechos em materiais complementares.
Possíveis desdobramentos
A tendência é que a polêmica siga em pauta: são esperadas entrevistas adicionais, posicionamentos formais da equipe da série e, potencialmente, notas técnicas de associações de jornalistas e pesquisadoras/es sobre ética no relato de crimes.
Produtoras e plataformas podem adotar códigos de conduta mais explícitos, com medidas de transparência sobre escolhas narrativas e fontes. Há ainda possibilidade de que debates acadêmicos sobre memória e representação ganhem mais espaço no noticiário cultural.
Fontes
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Conteúdo verificado e editado pela Redação do Noticioso360, com base em fontes jornalísticas verificadas.
Analistas apontam que o movimento pode redefinir o debate público sobre true crime e memória cultural nos próximos meses.

