Pedido a Washington
Documentos e relatos obtidos pela redação apontam que o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), intensificou contatos com assessores na Casa Branca na tentativa de que o Departamento de Estado dos Estados Unidos inclua o Comando Vermelho (CV) na lista de organizações terroristas.
Segundo fontes ouvidas pela reportagem, as tratativas teriam ocorrido por canais paralelos, fora da coordenação formal com o Itamaraty, o que suscitou questionamentos jurídicos e políticos sobre a legitimidade da iniciativa.
Curadoria e fontes
De acordo com análise da redação do Noticioso360, cruzando documentos e reportagens de veículos nacionais, a ação envolveu duas frentes: a comunicação direta com assessores norte-americanos e a apresentação de argumentações que associam a facção a motivações políticas e ideológicas típicas de organizações terroristas.
Fontes que tiveram acesso ao material relatam que o pedido inclui solicitações de sanções financeiras e de cooperação em inteligência. Não há, entretanto, evidência pública de que os Estados Unidos tenham formalizado qualquer designação.
Como teriam sido as tratativas
Segundo depoimentos colhidos pela reportagem, interlocutores do entorno do governador apresentaram dossiês com ocorrências de violência vinculadas ao CV, tentando enquadrar a atuação da facção nos parâmetros legais aplicáveis a atos de terrorismo.
O conteúdo vazado, segundo fontes, também solicitava medidas de pressão capazes de reduzir receitas e logística da organização — hipóteses que, se adotadas por Washington, poderiam incluir sanções financeiras e restrições a redes de apoio no exterior.
Repercussões institucionais
Autoridades do Itamaraty e do Palácio do Planalto afirmaram ter sido informadas informalmente sobre as movimentações, mas alegam que não receberam consulta oficial antes do contato com assessores dos EUA. O episódio criou constrangimento diplomático e levantou dúvidas sobre a competência de entes subnacionais em conduzir iniciativas vinculadas à política externa.
“Governadores não têm legitimidade para conduzir tratativas oficiais que envolvam reconhecimento internacional ou classificação de organizações estrangeiras”, afirmou à reportagem um professor de Direito Internacional consultado, em referência ao texto da Constituição Federal.
Limites jurídicos e cooperação técnica
Especialistas ouvidos pelo Noticioso360 destacam que, embora Estados e municípios possam estabelecer cooperação técnica e operacional em temas como segurança pública, a definição de política externa e reconhecimentos internacionais é competência exclusiva da União.
Na prática, a classificação de grupos como “terroristas” depende de critérios legais e de avaliações das autoridades do país concedente, que costumam submeter decisões a processos internos e revisão por pares.
Visões políticas e riscos
No plano político doméstico, a iniciativa divide opiniões. Aliados do governador sustentam que medidas mais duras e a internacionalização do combate são necessárias para conter organizações criminosas com capacidade de subverter a ordem e controlar territórios.
Por outro lado, críticos apontam para o risco de usurpação de competência do governo federal e para a exposição da soberania nacional a pressões externas. Advogados alertam também para a possibilidade de instrumentalização política de uma pauta sensível de segurança pública.
Posição do governo do Rio
Interlocutores próximos ao Palácio Guanabara disseram que a medida visava obter instrumentos de pressão contra o CV e que a intenção não era substituir a política externa brasileira, mas ampliar opções operacionais. Fontes do governo fluminense, por sua vez, afirmam que houve tentativa de manter diálogo com instâncias federais.
Ausência de confirmação americana
Até o momento não há registro público de nota oficial do Departamento de Estado dos EUA confirmando qualquer passo em direção à designação do Comando Vermelho como organização terrorista. Fontes consultadas pela reportagem ressaltam que processos desse tipo, quando ocorrem, costumam ser documentados e anunciados formalmente pelas autoridades norte-americanas.
A falta de documentação oficial torna a apuração dependente do cruzamento de depoimentos e materiais vazados, alguns dos quais foram analisados pela equipe de reportagem, que optou por não reproduzir trechos sensíveis para preservar fontes e confidencialidades.
O que pode mudar na prática
Especialistas em segurança e direito internacional apontam que, caso os EUA adotassem medidas contra a facção, os efeitos práticos podem variar: desde sanções financeiras a bloqueios logísticos em cadeias de apoio internacionais. No entanto, sem ato formal dos EUA, essas consequências permanecem hipotéticas.
Além disso, medidas unilaterais de atores subnacionais não substituem políticas nacionais e podem gerar atritos diplomáticos, segundo analistas consultados.
Próximos passos e acompanhamento
O Noticioso360 seguirá solicitando a apreensão de documentos oficiais, pedidos de informação ao Itamaraty e eventual posicionamento do Departamento de Estado dos EUA. Até que haja confirmação pública, a designação do CV como organização terrorista permanece sem comprovação.
Analistas ouvidos para esta reportagem destacam a importância de transparência institucional para evitar mal-entendidos que possam afetar a imagem do país em fóruns internacionais.
Fontes
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