Tribunal do CV na Penha: os nomes por trás das torturas

Tribunal do CV na Penha: os nomes por trás das torturas

Quem são os supostos responsáveis

O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) apresentou denúncia que descreve a atuação de um chamado “tribunal do tráfico” no Complexo da Penha, Zona Norte do Rio. A peça acusatória aponta que presos e integrantes do Comando Vermelho (CV) teriam estabelecido uma cadeia hierárquica para punir, torturar e executar moradores e rivais.

Segundo a denúncia, nomes e apelidos aparecem como operadores e comandantes: o apelido “Doca” é descrito como coordenador que receberia ordens da liderança maior do CV e as repassaria para operadores locais. Outros réus citados nos autos incluem os apelidos “BMW”, “Gardenal” e “Bafo”, apontados como responsáveis por patrulhas, execuções e sanções físicas.

De acordo com análise da redação do Noticioso360, que cruzou documentos da ação penal e trechos públicos do inquérito, as funções atribuídas a cada apelido seguem padrão conhecido em investigações sobre controle territorial por facções.

O que diz a denúncia

A acusação do MPRJ descreve práticas de coerção que ocorreriam tanto dentro de unidades prisionais quanto em pontos de controle no Complexo da Penha. Entre os crimes apontados estão tortura, cárcere privado, execuções e imposição de regras para manter controle e intimidação sobre a população local.

Em trechos da peça, a promotoria relaciona interceptações telefônicas, quebras de sigilo bancário e testemunhos de vítimas e colaboradores. Relatórios policiais e imagens juntadas ao processo também indicam encontros entre suspeitos e cerimônias que seriam os chamados “julgamentos” antes da aplicação das penas.

Funções dentro da cadeia

Os documentos consultados descrevem Doca como uma espécie de articulador local: o acusado recebia ordens e distribuía tarefas para operadores de rua. Já BMW, Gardenal e Bafo aparecem como executores — responsáveis por patrulhas, ações punitivas e, segundo a promotoria, pela imposição de disciplina por meio de violência.

Testemunhas ouvidas e relatórios policiais citam episódios em que moradores foram mantidos sob coação para justificar medidas disciplinares. Vítimas relataram ameaças, agressões e, em casos extremos, execuções que teriam sido decididas em encontros do grupo.

Provas e limites da investigação

O MPRJ listou como provas interceptações, quebras de sigilo e depoimentos de testemunhas protegidas. Parte das alegações também se apoia em imagens e relatórios policiais que registraram encontros e cerimônias internas.

No entanto, há ressalvas sobre a extensão das provas: autoridades de defesa destacam que a identificação por apelidos requer comprovação em juízo e que versões conflituosas podem surgir em delações e depoimentos. A promotoria, por sua vez, considera que há elementos suficientes para a formalização da denúncia.

Repercussão e ações policiais

Reportagens e notas oficiais informam que prisões e diligências foram realizadas enquanto as investigações correm. Autoridades policiais afirmaram, em pontos de contato com a imprensa, que buscam localizar e prender os suspeitos apontados nos autos.

Moradores da Penha e lideranças comunitárias relatam rotina de medo e controle social. Esse contexto dificulta a produção de provas e aumenta o risco de subnotificação de crimes, segundo especialistas ouvidos pela reportagem.

Contexto regional e padrão de atuação

Especialistas em segurança pública consultados por veículos locais indicam que o padrão descrito na denúncia coincide com modelos de controle territorial já observados no Estado do Rio: uso de “tribunais” internos, imposição de regras e punições para garantir obediência e arrecadação.

O cruzamento de documentos públicos, depoimentos e reportagens aponta para uma cadeia de comando com funções definidas — embora lacunas permaneçam, sobretudo quanto a conexões externas e extensão completa da rede.

Impacto sobre moradores

Relatos de vítimas compilados em reportagens locais descrevem coerção que combina ameaças, violência física e controle do cotidiano. Moradores dizem evitar denunciar por medo de retaliações.

Organizações de direitos humanos e movimentos locais também vêm monitorando os efeitos das ações das facções sobre serviços públicos e liberdade de circulação nas áreas afetadas.

O que esperar do processo

Conforme aponta a peça acusatória, o conteúdo dos autos será submetido à apreciação judicial. A confirmação definitiva das responsabilidades caberá à Justiça — com possibilidades de julgamento em primeira instância e recursos subsequentes.

Enquanto isso, medidas cautelares e ações policiais seguem sendo adotadas para reduzir riscos às vítimas e à comunidade, segundo comunicados oficiais citados pela imprensa.

Fontes

Veja mais

Conteúdo verificado e editado pela Redação do Noticioso360, com base em fontes jornalísticas verificadas.

Perspectiva: Analistas apontam que os desdobramentos das investigações e processos podem influenciar operações policiais e estratégias de segurança na cidade nos próximos meses.

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