Alegação viral sem respaldo científico
Circula nas redes sociais a afirmação de que uma goma de mascar feita a partir de feijão reduziria “95%” das infecções por gripe (influenza) e herpes (HSV). A mensagem ganhou alcance em postagens e grupos, mas não encontrou confirmação em fontes científicas ou jornalísticas confiáveis.
Segundo análise da redação do Noticioso360, cruzamos reportagens de veículos de referência e bases científicas para checar a veracidade da alegação. Não há, entre os textos e documentos consultados, estudo revisado por pares que descreva uma goma com essa composição e eficácia.
O que foi apurado
A apuração do Noticioso360 examinou três frentes: reportagens em veículos nacionais e internacionais, bases de periódicos científicos (PubMed, Scopus e LILACS) e registros de ensaios clínicos (ClinicalTrials.gov e Registro Brasileiro de Ensaios Clínicos).
Em nenhuma dessas frentes foi localizado estudo publicado em periódico revisado por pares que descreva uma goma de mascar produzida a partir de feijão com capacidade de reduzir 95% das infecções por influenza ou herpes. Também não foi encontrado registro de ensaio clínico que testasse um produto com essas características.
Fontes consultadas e buscas científicas
As buscas em bases acadêmicas foram feitas por termos que combinam “bean gum”, “mascara”, “chewing gum”, “antiviral”, “influenza” e “herpes simplex virus”, incluindo variações em português e inglês. Nada indicou publicação ou pré-print que sustentasse a alegação.
Entre os veículos jornalísticos verificados, a cobertura concentrou-se em alertas contra curas milagrosas e desinformação na área de saúde. Organizações de imprensa consultadas enfatizam que alegações extraordinárias exigem evidências igualmente robustas.
O que especialistas disseram
Virologistas e pesquisadores ouvidos durante a apuração explicaram requisitos mínimos para aceitar uma afirmação desse porte. Segundo eles, seria necessário:
- Descrição detalhada da formulação e do processo de fabricação;
- Dados pré-clínicos publicados e reprodutíveis, incluindo testes in vitro e, se houver, em modelos animais;
- Ensaios clínicos randomizados com endpoints clínicos ou laboratoriais claros, demonstrando redução de infecções comprovada por testes diagnósticos;
- Avaliação completa de segurança, incluindo reações alérgicas e interações com medicamentos.
Sem esses elementos, explicaram especialistas, não é possível extrapolar eventuais resultados laboratoriais para benefício em pessoas. Estudos in vitro podem apontar atividade antiviral em condições controladas, mas não garantem eficácia clínica.
Por que uma descoberta assim exigiria mais do que um experimento
Transformar uma hipótese laboratorial em um produto comercial seguro e eficaz envolve desafios científicos e regulamentares. Entre os pontos levantados pelos especialistas estão:
- Dose e biodisponibilidade: garantir que o princípio ativo atue na quantidade necessária no local certo do corpo;
- Estabilidade e replicabilidade: a formulação precisa apresentar resultados consistentes em diferentes lotes;
- Segurança: avaliar toxicidade, alergias e possíveis interações medicamentosas;
- Regulação: o produto teria de ser submetido a avaliação por agências regulatórias, quando aplicável.
Além disso, alegações de eficácia muito elevada — como “reduz 95%” — costumam derivar de interpretação equivocada de dados preliminares ou de experimentos in vitro com condições controladas que não se replicam em humanos.
Contexto de pesquisas com extratos vegetais
Há precedentes de pesquisas que testam compostos naturais ou extratos vegetais contra vírus em laboratório. Tais estudos podem identificar moléculas com atividade antiviral em células cultivadas, mas essa etapa é apenas o começo de um longo processo de validação.
Pesquisas promissoras em ambiente laboratorial exigem replicação independente, avaliação de segurança em modelos animais e, por fim, ensaios clínicos em humanos para que qualquer declaração terapêutica ou preventiva seja aceita pela comunidade científica.
O papel da imprensa e dos leitores
Reportagens e comunicados de órgãos de saúde frequentemente alertam para a circulação de tratamentos sem comprovação. Veículos consultados lembram que, até a publicação de estudos revisados por pares e a divulgação de protocolos e resultados, é prudente encarar afirmações desse tipo com ceticismo.
Como medida prática, especialistas recomendam que leitores verifiquem a origem da informação, procurem por publicações científicas sobre o tema e consultem órgãos de saúde antes de adotar produtos ou práticas com promessas não verificadas.
Conclusão
Com base nas verificações realizadas pelo Noticioso360, a alegação de que uma goma de mascar feita de feijão reduz 95% das infecções por gripe e herpes não está respaldada por evidências publicadas e verificáveis. Não foram encontrados estudos revisados por pares nem registros de ensaios clínicos que corroborem a afirmação.
Enquanto não surgirem dados científicos revisados, comunicados institucionais de universidades ou registros de testes clínicos que validem a proposta, a recomendação é tratar a alegação como não comprovada e adotar cautela diante de produtos com promessas extraordinárias.
Perspectiva
Analistas e especialistas em comunicação científica observam que a circulação de alegações como esta tende a aumentar em períodos de atenção elevada à saúde pública. A tendência em curto prazo é o fortalecimento de checagens colaborativas entre veículos e instituições científicas para combater desinformação e orientar o público.
Fontes
Veja mais
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Conteúdo verificado e editado pela Redação do Noticioso360, com base em fontes jornalísticas verificadas.

