Opportunity vê ciclo de cortes na Selic maior que o precificado

Opportunity vê ciclo de cortes na Selic maior que o precificado

Visão geral

O Opportunity, gestora brasileira de investimentos, reiterou que enxerga espaço para um ciclo de cortes na taxa Selic mais amplo do que o atualmente precificado pelos mercados. A aposta da casa considera curvas de juros mais inclinadas internacionalmente e um cenário fiscal com estímulos moderados em alguns contextos.

Segundo levantamento e cruzamento de informações feito pela redação do Noticioso360, com base em reportagens da Reuters e do Valor Econômico, a avaliação do Opportunity sugere que os contratos futuros incorporam um ritmo de cortes mais conservador do que o que a gestora julga possível.

Por que o Opportunity é mais otimista

Os estrategistas do Opportunity destacam três pontos centrais. Primeiro, a inflação doméstica tem mostrado sinais de acomodação em diversos índices, o que abre margem para redução dos juros se essa tendência se confirmar.

Segundo, as curvas de juros mais inclinadas — com prêmios maiores para prazos longos — podem retardar o efeito imediato dos cortes, mas também ampliam o espaço para quedas mais acentuadas se a pressão inflacionária recuar.

Terceiro, a gestora considera que um ambiente fiscal que não se deteriore poderá permitir ao Banco Central agir de forma mais agressiva no afrouxamento monetário, reduzindo a Selic além do que hoje está negociado no mercado de juros futuros.

Transmissão e efeitos na economia real

Na visão do Opportunity, taxas reais mais altas no horizonte longo elevam a capacidade de acomodação da política monetária sobre a atividade. Isso significa que cortes mais rápidos e de maior magnitude podem estimular crédito imobiliário, consumo financiado e investimentos atrelados a taxas de juros.

Entretanto, os analistas do mercado em geral alertam para o risco de que cortes abruptos, sem melhora fiscal, elevem prêmios de risco e pressionem o dólar, neutralizando parte do estímulo interno.

Divergência entre casas e mercado

Enquanto o Opportunity coloca-se em uma posição relativamente otimista, muitas instituições financeiras e consultorias continuam a projetar uma trajetória mais gradual para a Selic. Contratos DI e sondagens frequentes indicam uma sequência conservadora de quatro a seis cortes ao longo de 12 a 18 meses.

Portanto, a principal diferença é de velocidade e amplitude: o mercado negocia redução gradual; o Opportunity não descarta cortes mais rápidos e de maior magnitude, caso choques macroeconômicos favoreçam essa possibilidade.

Fontes e checagem

A apuração do Noticioso360 confirma que as interpretações convergem na existência de incerteza elevada — ambos os lados reconhecem riscos externos e condicionantes domésticos —, mas divergem na ênfase sobre fatores determinantes.

Em checagem de nomes e contexto, o comentário atribuído à visão citada no título refere-se a um estrategista identificado como Catalan, ligado ao Opportunity. Não foram localizados, na amostragem revisada pela redação, documentos públicos do Banco Central que entrem em conflito direto com a análise da gestora; contudo, comunicados e atas do Copom mantêm que decisões serão guiadas por dados de inflação e atividade.

Impactos potenciais por setores

Se o ciclo efetivamente for mais amplo do que o mercado atualmente precifica, os efeitos tendem a ser amplos e setoriais. O crédito imobiliário, por exemplo, pode se beneficiar de redução de custos, aquecendo demanda por financiamento.

O consumo financiado e segmentos sensíveis a juros, como automóveis e eletroeletrônicos, também podem registrar estímulo mais rápido. No entanto, uma desancoragem fiscal ou volatilidade externa pode elevar prêmios de risco, reduzindo a atratividade dos títulos locais e ferindo a confiança de investidores estrangeiros.

O papel das taxas longas

Curvas de juros inclinadas implicam que a queda da taxa básica não se traduz automaticamente em menores custos de longo prazo. Assim, mesmo com cortes na Selic, os ganhos reais para a economia dependem de um movimento paralelo das taxas longas.

Analistas do Opportunity afirmam que, se as taxas reais longas permanecerem elevadas, a transmissão será mais lenta — mas isso não elimina o potencial para cortes mais profundos caso a inflação continue a convergir para a meta.

Riscos e condicionantes

Entre os riscos citados pelas fontes consultadas estão deterioração fiscal, choques externos (como alta de prêmio de risco global) e leituras de inflação que reverteriam a tendência de baixa.

Por outro lado, uma trajetória de inflação consistente e sinalização fiscal acomodada podem acelerar a convergência entre a visão do Opportunity e o mercado futuro de juros.

O que acompanhar

Para avaliar a probabilidade de um ciclo de cortes mais intenso, o leitor deve observar três vetores: dados de inflação (incluindo núcleos), sinalização fiscal do governo e do Congresso, e o comportamento das taxas longas no mercado internacional.

As próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) e indicadores mensais de inflação e atividade serão cruciais para ajustar expectativas e a curva de juros no Brasil.

Fechamento e projeção

Prevalece, por ora, um cenário de expectativas dispersas entre agentes financeiros. A aposta do Opportunity por um ciclo mais amplo é uma leitura relevante do mercado, mas sua concretização dependerá de uma conjunção favorável de dados econômicos e estabilidade fiscal.

Analistas apontam que o movimento, se confirmado, pode redefinir o custo do crédito e o ritmo de recuperação de setores sensíveis a juros nos próximos meses.

Fontes

Veja mais

Conteúdo verificado e editado pela Redação do Noticioso360, com base em fontes jornalísticas verificadas.

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