Le Duc Tho ficou marcado na história como o único ganhador do Prêmio Nobel da Paz que recusou o prêmio. Concedido em 1973 junto com Henry Kissinger, o reconhecimento celebrou os esforços para pôr fim à Guerra do Vietnã, mas Tho entendeu que a paz completa ainda não existia.
O Nobel da Paz, criado em 1901 pelo testamento de Alfred Nobel, é destinado a indivíduos ou grupos que contribuem significativamente para a paz mundial. Embora muitos aceitem a honra, Le Duc Tho optou por rejeitar o prêmio, o que é um caso inédito até hoje.
Le Duc Tho nasceu em 1911 e foi uma figura chave nas negociações do Acordo de Paz de Paris, assinado em janeiro de 1973. Esse acordo visava o cessar-fogo e a retirada das tropas americanas no Vietnã, tentando encerrar o conflito entre os Estados Unidos e o Vietnã do Norte.
Apesar da assinatura, a guerra civil no Vietnã continuou por mais dois anos até que o Vietnã do Norte venceu e unificou o país sob um regime comunista em 1975. Por isso, Le Duc Tho justificou que as condições para uma paz duradoura ainda não estavam presentes, motivo pelo qual recusou o Nobel.
Henry Kissinger, por sua vez, aceitou o prêmio, tornando-se um dos laureados daquele ano. A escolha de Le Duc Tho reflete a complexidade dos processos diplomáticos e os desafios de reconhecer a paz num cenário ainda marcado por conflitos.
Esse episódio destaca como o Nobel da Paz pode envolver controvérsias, já que o reconhecimento internacional nem sempre se alinha perfeitamente com a realidade dos acontecimentos. Curiosamente, em outras situações, líderes e organizações também enfrentaram críticas por premiações consideradas prematuras ou polêmicas.
O contexto histórico desse evento se relaciona com a Guerra do Vietnã, iniciada na década de 1950 e intensificada nos anos 1960, envolvendo uma intervenção militar dos Estados Unidos no Vietnã do Sul contra o Vietnã do Norte comunista. As negociações para a paz foram complexas e envolveram intensa diplomacia.
Le Duc Tho continuou sua carreira política no Vietnã unificado até sua morte em 1990. Já Kissinger manteve uma longa trajetória política e diplomática após o recebimento do Nobel.
Essa singular recusa permanece como um marco na história do Nobel da Paz e convida à reflexão sobre os desafios e limites dos prêmios internacionais diante de conflitos complexos.
Fontes:
BBC